segunda-feira, 18 de julho de 2011

Noite sem lua ou a vida nos botequins

Percorro as noites longas do inverno. O preto cintila o desassossego, aquele contraste do azul. A sua mão morna que segura o meu seio, não mede meu peito. Toda linha que separa o caos ao sereno azul, do preto ao intenso azul, me insere a esses tons, por ali me arrasto até somar a cor, uma sensação de vida parecida com essa estação. Gosto de sentir-me nessas horas lentas das noites extensas do inverno, sobe-me algo lírico da alma e se destaca, drama acompanhado de canto.




O que deixava a moça despreocupada era saber que na vida podia vestir a pele de uma personagem de romance. O ridículo foi seu papel extraído de má literatura. No outro dia a estrada de sua vida era traçada pelos seus olhos que brilhavam como de costume. Havia acabado de aceitar tudo isso, pois sabia como ninguém se transformar nessa personagem, que se insinuava sobre sua pele, depois de devorar palavras de Machado de Assis. Ela, que nunca temia pelo dia seguinte, sentia-se numa vida sem pudor, ela conseguia se libertar inteiramente do dia anterior. Gostava de sua honra paradoxal, a sombra e a luz, o colorido e as posições das figuras.

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