terça-feira, 7 de junho de 2011
Interrogação
Demorei a dormir noite passada, meu ventre revirava, minha criazinha parecia que queria me dizer alguma coisa. O médico disse que o caroço já chupa dedo. 'Ser mãe é muito bom para o poeta inocente, mas ele, se quiser, que experimente'. Não sei definir, não sei traçar os limites das coisas. Roma: é amor, lido do fim para o princípio. E ser mãe para uma pessoa que nunca pensou em ser é o quê?
Hoje o dia foi daqueles! Acordei cedo, e com a bolsa em baixo do braço, lá vai eu ladeira acima, conversando sozinha em voz alta, sobre: Domínio Amazônico, Mares de Morros, Pradarias, Araucárias, Faixas de Transição, Cerrado e Caatinga. Cheguei! Os meus 53 alunos me esperavam, acho que foi o sol, eles estavam mais inquietos do que nunca. E lá vem eu com meu pensamento filosófico, o meu modo de conceber a vida e a realidade universal. Olhar para o homem e o reconhecer como um animal indagador, desde a infância, me faz ficar ali parada em pé olhando meus alunos, esperando suas perguntas, eles esperam de mim a razão de ser das coisas. E minha sabedoria é manifestada através de um provérbio 'é melhor ficar vermelho um dia do que amarelo a vida inteira'.Ter a razão nunca foi uma tarefa fácil.
segunda-feira, 6 de junho de 2011
Sôfrego
Como um leão sem rebanho
Menina distante vai catar a infância
Minha terra é onde o rio corrente me espera
Sozinha, água, água nos cabelos
Molhar de eternidade o usado peito
Tatear a vida, como ela me apalpa
E o mundo não manda em nada
Tem olhos já cegos
E se antes só via, agora pego
Lançando os dados na agonia
Não, eu não desisto
Carrego o que tenho sobre os ombros
Prefiro que a alma pague
O que ela mesmo deve ao mundo
O juízo nunca saberá de tudo
Só eu sei o que é ir realmente pro-fundo.
quarta-feira, 1 de junho de 2011
Gira-sol
Banhada em lágrimas, depois de ter chorado toda água de sua mágoa. Sentou na porta de casa. O sol tinha voltado. As crianças corriam novamente nas ruas procurando as pipas caídas do céu, para lá dos campos amarelos de girassóis.
Essa mulher hoje vive a margem do rio e em sua casa existem molduras em forma de coração, do seu jardim sobe um aroma de jasmim, um cheiro limpo e embriagador.
Todos os dias ela inclina a cabeça suavemente, cravada nas montanhas, vendo desaparecer as últimas luzes da tarde. – Até onde chegam os olhos? E assim segue, depois, a vida.
Faz amor a intempérie. Onde ela estava sentada, ficou a terra toda regada de prazer, que até o sol e a lua morreram de vergonha.
Essa mulher hoje vive a margem do rio e em sua casa existem molduras em forma de coração, do seu jardim sobe um aroma de jasmim, um cheiro limpo e embriagador.
Todos os dias ela inclina a cabeça suavemente, cravada nas montanhas, vendo desaparecer as últimas luzes da tarde. – Até onde chegam os olhos? E assim segue, depois, a vida.
Faz amor a intempérie. Onde ela estava sentada, ficou a terra toda regada de prazer, que até o sol e a lua morreram de vergonha.
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